23/09/12

As Mãos dos Homens



Os impulsos que levam uma mulher a interessar-se por um determinado homem continuam indecifráveis à luz da razão masculina.
Com efeito, ainda hoje são misteriosas essas equações, enigmas insolúveis onde a fonteira da racionalidade e o sentimentalismo que sempre definiram homem e mulher se confundem sem qualquer regra. Por outro lado como se sabe, nós homens, temos um critério muito mais objetivo nessa avaliação claramente sustentada numa resposta biológica, simples e fortemente reprodutiva.

A origem deste texto vem ao encontro de um comentário de uma amiga que realçava o fato de as mãos dos homens serem uma fonte de informação imprescindível na sua avaliação (deste)!
Não sendo a primeira vez que ouvi tal desígnio resolvi consultar junto de revistas femininas alguma da informação disponível (a sua credibilidade pode ser questionável, ehehe) tendo verificado efetivamente que as mãos masculinas se encontram no top 3 dos elementos físicos que a mulher valoriza quando olha para um homem. Obviamente que me refiro ao olhar sem compromisso, automático, que uma mulher direciona num homem e que o classifica na sua escala pessoal.
Retenho duas justificações dadas pelas participantes de uma pesquisa feita por uma dessas revistas e cito:

- “Mãos masculinas têm que ser fortes, dignas e viris. E isso não tem nada a ver com calos, ou unhas grandes e sujas.”

- “Mãos que vão além de mim. Que mostram como esse homem é inteligente, pois gesticulam, quase bravas, o seu pensamento. Mãos que mostram a sua personalidade e o seu caráter por meio dos seus movimentos firmes e indubitáveis”

A lista é grande o que me faz recomendar aos meus “fellows citizens” que passem a cuidar melhor das vossas mãos. Lembrem-se que um dos sentidos é o tacto, sendo as mãos a principal forma de o manifestar seja em que parte do corpo for!

28/08/12

FODA-SE



Escolhi este texto do grande Millôr Fernandes para "reanimar" este meu blog meio esquecido no tempo.
Voltou a vontade de escrever e por isso nada como uma expressão radical para recomeçar!

"O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à
quantidade de "foda-se!" que ela diz.
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?
O "foda-se!" aumenta a minha auto-estima, torna-me uma
pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Liberta-me.
"Não quer sair comigo?! - então, foda-se!"
"Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! - então,
foda-se!"
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição.
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos
extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário
de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos
mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sua
língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que
vingará plenamente um dia.
"Comó caralho", por exemplo. Que expressão traduz melhor a
ideia de muita quantidade que "comó caralho"?
"Comó caralho" tende para o infinito, é quase uma expressão
matemática.

A Via Láctea tem estrelas comó caralho!
O Sol está quente comó caralho!
O universo é antigo comó caralho!
Eu gosto do meu clube comó caralho!
O gajo é parvo comó caralho!
Entendes?
No género do "comó caralho", mas, no caso, expressando a
mais absoluta negação, está o famoso "nem que te fodas!".
Nem o "Não, não e não!" e tão pouco o nada eficaz e já sem
nenhuma credibilidade "Não, nem pensar!" o substituem.
O "nem que te fodas!" é irretorquível e liquida o assunto.
Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras actividades
de maior interesse na tua vida.
Aquele filho pintelho de 17 anos atormenta-te pedindo o carro
para ir surfar na praia? Não percas tempo nem paciência.
Solta logo um definitivo:
"Huguinho, presta atenção, filho querido, nem que te fodas!".
O impertinente aprende logo a lição e vai para o Centro
Comercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema,
e tu fechas os olhos e voltas a curtir o CD (...)
Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou o seu
correlativo "Pu-ta-que-o-pa-riu!", falado assim, cadenciadamente,
sílaba por sílaba.
Diante de uma notícia irritante, qualquer "puta-que-o-pariu!", dito
assim, põe-te outra vez nos eixos.
Os teus neurónios têm o devido tempo e clima para se
reorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar um
merecido troco ou livrares-te de maiores dores de cabeça.
E o que dizer do nosso famoso "vai levar no cu!"? E a sua
maravilhosa e reforçadora derivação "vai levar no olho do cu!"?
Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus
quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de
seu interlocutor e solta:
"Chega! Vai levar no olho do cu!"?

Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida, a tua auto-estima.
Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar
firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado
amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de
maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu-se!". E a
sua derivação, mais avassaladora ainda: "Já se fodeu!".
Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora para
uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de
ameaçadora complicação?
Expressão, inclusivé, que uma vez proferida insere o seu autor
num providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo
assim como quando estás a sem documentos do carro, sem
carta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti a
mandar-te parar. O que dizes? "Já me fodi!"
Ou quando te apercebes que és de um país em que quase nada
funciona, o desemprego não baixa, os impostos são altos, a
saúde, a educação e … a justiça são de baixa qualidade, os
empresários são de pouca qualidade e procuram o lucro fácil e
em pouco tempo, as reformas têm que baixar, o tempo para a
desejada reforma tem que aumentar … tu pensas "Já me fodi!"
Então:
Liberdade,
Igualdade,
Fraternidade
e
foda-se!!!
Mas não desespere:
Este país … ainda vai ser "um país do caralho!"
Atente no que lhe digo!"

            Millôr Fernandes